segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Biologicamente determinado X culturalmente adquirido

Essa é uma velha e importante discussão em várias áreas de conhecimento. Hoje em dia, a divisão de cultura e biologia em compartimentos estanques é considerada maniqueísta e ultrapassada por muita gente, como exemplificarei no próximo post. Mas do que trata cada um desses compartimentos?

Biologicamente determinadas seriam aquelas nossas características que não foram moldadas pela educação que recebemos ou pela cultura em que estamos inseridos, caso do culturalmente adquirido, mas pelos genes que fizeram com que fôssemos necessariamente assim. Exemplo: a mulher é mais frágil que o homem. Se isso for verdade, por que ocorre? Porque há diferenças genéticas entre homens e mulheres, e essas diferenças fazem com que eles e elas ajam dessa ou daquela maneira? Ou porque ambos foram “educados”, ao longo do processo histórico, para representarem um papel na sociedade – ela, de frágil e delicada, ele, de machão insensível? Ou, mais ainda, porque há uma mistura entre os dois fatores, social e genético?

Pode ser discutido aqui o conceito de tabula rasa – nasceríamos como uma tábua rasa, todos iguais, e seríamos moldados pelas nossas circunstâncias exteriores. Ou seja: o que impera é única e exclusivamente o culturalmente adquirido.

Esse conceito é tido como obsoleto por estudiosos de diversas áreas, como antropologia, biologia e ciências cognitivas. E é um trecho a respeito disso que selecionei para o post de hoje. Está nas páginas 201 e 202 do livro História da Antropologia, de Thomas Hylland Eriksen e Finn Sivert Nielsen (São Paulo: Vozes, 2007).

“Parece seguro concluir que os contatos entre antropólogos e biólogos foram revitalizados durante os anos 1990. Os biólogos passaram a compreender cada vez mais que a linguagem, a autoconsciência, o mito e o ritual eram fenômenos complexos, caracteristicamente humanos, que não podiam ser simplesmente vistos como elaborações sobre comportamento primata genético. Os antropólogos, por sua vez, admitiram em grande parte que a teoria da tabula rasa da socialização humana é insustentável (...). Talvez seja uma questão de tempo até que as fronteiras interdisciplinares tradicionais sejam questionadas ainda mais.”

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