sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Para que servem os clássicos mesmo?

Não sei se você já ouviu essa pergunta, mas eu sim, e mais de uma vez. Estamos em 2009, vivendo as maravilhas e as bizarrices do nosso tempo. Para que ler um texto de antes de Cristo, ou de que maneira o argumento de um autor do século 17 vai acrescentar algo a debates contemporâneos?

Bom, um clássico não é clássico à toa. Vamos ignorar os motivos ligados à política e relações de poder - mesmo sem me apoiar em nenhuma pesquisa, algo me diz que os clássicos da literatura universal geralmente vêm de países ricos, e é mais provável que o livro de um antropólogo americano desencadeie uma série de debates na comunidade antropológica do que as considerações de um estudioso brasileiro... - para nos focar no conteúdo dos grandes clássicos, no que eles contribuem para a humanidade. Por que chegaram até aqui?

Porque não pararam lá, claro. "Lá" é o tempo em que eles foram escritos. Mesmo que não possam ser arrancados de sua época, não foram acorrentados a ela. Livres, os clássicos voaram por outros tempos e outras pessoas, servindo de referência e até mesmo inspiração para que elas pensem sobre sua própria época. Para citar o filósofo Merleau-Ponty (1908-1961), ao pensar, o clássico nos deu o que pensar.

Quando leio um clássico de Filosofia, não pretendo que ele dê conta do contexto no qual vivo, mas sim que areje minhas idéias e interpretações sobre meu tempo, e minha visão sobre os livros escritos na minha época...

Já quando leio um clássico de literatura - universal ou brasileira, porque, felizmente, temos ótimos clássicos -, confesso que não pretendo nada além de lê-lo. E admirá-lo em seu vôo pelo tempo...

P.S.: obrigado pelos comentários, mas fui obrigado a bloquea-los por causa de certos individuos!

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