sábado, 7 de março de 2009

Filosofia no céu ou no chão?

Muitas pessoas perguntam o que é ou para que serve a filosofia. Não existe apenas uma definição dessa disciplina ou área de conhecimento, mas várias – até porque a filosofia tem 26 séculos de existência e mudou bastante da Grécia Antiga para cá. O que eu gostaria de apresentar, aqui, são as posições de dois filósofos: o alemão Leo Strauss (1899-1973) e o brasileiro Cruz Costa (1904-1978).

Em De La Tyrannie, Strauss diz que cabe à filosofia mais levantar perguntas do que oferecer respostas. A filosofia não precisa tomar partido, como a política. Sua função é mostrar os problemas, de modo que as pessoas tenham uma real consciência deles. “Na medida em que permanecemos não no plano da sabedoria, mas apenas na busca da sabedoria, constatamos que a evidência de todas as soluções é necessariamente menor do que a evidência dos problemas”.

Em Panorama da História da Filosofia no Brasil, Cruz Costa afirma: “Para nós, da América Latina, a reflexão filosófica não termina na contemplação do mundo. Vai além. Ela exige a sua transformação (...). O valor dos princípios filosóficos não consiste na sua simples formulação abstrata, mas na capacidade que estes princípios possuem de permitir analisar os domínios concretos da realidade.”

Enquanto Strauss atenta para o papel questionador da filosofia, Cruz Costa chama a atenção para o compromisso que ela tem com a realidade. Escolhi essas duas visões porque acho que, de certa forma, elas podem se complementar. A realidade, o que quer que seja ela, é a matéria bruta sobre a qual a filosofia se debruça para formular indagações que, mesmo que não sejam respondidas ou mesmo que recebam várias respostas – da ciência, da religião, da lingüística... – são fundamentais para se conhecer o mundo. E conhecer o mundo é, por sua vez, fundamental para deixá-lo um pouco melhor. Ou estou sendo muito otimista?

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